salua ares
PROCURO SONHOS ESQUECIDOS PARA CENÁRIOS DESCARTADOS (2023)
Como destacado por Gaston Bachelard em “A poética do espaço”, “a casa abriga o devaneio, protege o sonhador”.
No universo do lar nutrimos planos, projetos, sonhos. Refletindo acerca dessa relação entre espaço e imaginário, durante o meu processo de residência no ACHO, adotei uma série de fotografias imobiliárias (dos anos 70/80) que haviam sido descartadas no lixo. Todas as imagens tinham em comum a fachada de uma casa de rua com enquadramento frontal e geométrico. Algumas traziam em seus versos anotações manuscritas acerca do “produto” em questão. Descrições de valores monetários e atributos de venda.
Selecionei seis dessas fotografias - as seis que de alguma forma me convidavam a entrar- e, a partir de chamamentos públicos via redes sociais, panfletos e lambes espalhados pela rua, convidei pessoas a observarem essas casas. Por meio de um questionário simples e anônimo, pedi aos participantes que dentre as opções escolhessem apenas uma das casas. Aquela que pudesse ter abrigado um sonho antigo.
Busquei, assim, fazer com que essas imagens voltassem a habitar o lugar dos sonhos, abrigando velhos - e quem sabe novos- devaneios.
Dentre dezenas e dezenas de sonhos recebidos, apresento nessa coletiva a instalação “Parede de sonhos”, onde dei corpo a alguns deles.